Destilação da nossa aguardente

    A nossa aguardente retém geralmente, mais ou menos, o cheiro e o gosto das substancias que a produziram, e os aparelhos destilatórios comunicam aos líquidos destilados dois defeitos que, muitas vezes, não alteram o seu valor: a aspereza mais conhecida pelo nome de bom gosto a fogo ou do alambique (que se perde com o tempo ou pode evitar-se havendo cuidado), e o gosto de queimado, que é detestável, motivado algumas vezes por uma pequeníssima porção de matéria, no fundo da caldeira, que se queima e da lugar, por uma série de combinações químicas, à decomposição de algumas partículas de cobre.

    Há um processo que utilizamos para conservar, ou atenuar até certo ponto, nos líquidos destilados, o sabor que têm, quer este seja agradável ou desagradável. Querendo conserva-lo, basta tira-los da mais baixa graduação que se quiser, aumentando um pouco o fogo a fim de subir maior quantidade do principio aromático; querendo atenuar-lhes o sabor, tiram-se da maior graduação possível.

    Os líquidos aromáticos perdem muito por uma nova destilação, como se verifica com a aguardente: a mais delicada e saborosa, rectificada a um grau superior e desgraduada depois com agua destilada à sua prova natural, não tem o mesmo cheiro nem o mesmo gosto.

    O gosto do fogo da aguardente, também pode dissipar-se, expondo-a durante alguns dias ao sol, dentro duma garrafa bem rolhada e cheia até dois terços ou três quartos.

                                                                 Aguardente

    A mistura em proporção determinada de agua e de álcool provenientes da destilação de diversos líquidos, depois de haver passado pela fermentação alcoólica, que contenha 40 a 60 por cento de álcool, chama-se aguardente.

    A aguardente pode fabricar-se pela destilação do suco da beterraba, da cana de açúcar, do vinho da cidra, da cereja, de batatas, de medronhos, de figos, de cereais, de jaca, de banana, da cajamanga, etc.; e de todos os líquidos alcoolizados e açucarados por fermentação.

A aguardente de cana de açúcar é a melhor, seguindo-se-lhe, em boa qualidade, a fabricada de vinho. Os vinhos destinados ao fabrico de aguardente devem ser destilados seis semanas ou dois meses depois da fermentação completa, sem guardar que se clarifiquem, e o modo de fabricar é diferente do que se emprega para os que se destina a beber.

Em tempo frios e chuvosos, os vinhos dão menos aguardente, mas de melhor qualidade; nos tempos secos e quentes os vinhos são mais espirituosos e a aguardente fica menos agradável.

 

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